CNU: Como fazer seu recurso da prova discursiva

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A divulgação do resultado preliminar da prova discursiva do Concurso Nacional Unificado (CNU) vai acontecer hoje (09/12) a qualquer momento, e você terá até amanhã (10/12) para interpor o recurso junto à CESGRANRIO. Ou seja, você terá um prazo extremamente curto para analisar a prova e redigir o seu recurso. Nesse contexto, um planejamento adequado e conhecimento técnico sobre a estrutura do recurso são essenciais para maximizar suas chances de sucesso.

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Quando devo recorrer do resultado da prova discursiva do CNU?

O recurso é uma ferramenta essencial para corrigir possíveis injustiças na correção da sua prova discursiva. Não se trata de uma medida para “tentar a sorte”, mas sim de um procedimento que visa retificar erros de avaliação, seja quanto aos requisitos de conhecimentos específicos, seja quanto aos aspectos de língua portuguesa, como gramática ou na coesão textual. O foco do recurso deve ser a demonstração de que houve uma falha objetiva por parte da banca, e que essa falha impactou negativamente sua pontuação. No entanto, restringir seu recurso a isso é insuficiente: para ser eficaz, seu recurso deve se respaldar em argumentação consistente e estruturada.

Quem pode fazer o recurso?

Todos os candidatos podem recorrer. Dada a concorrência, o ideal é que você também recorra, pois, caso contrário, seu concorrente pode recorrer e melhorar sua posição na classificação. Assim, todos devem considerar o recurso: aqueles que não foram habilitados, para tentar alcançar a habilitação, e os que já estão habilitados dentro das vagas, para melhorar ou manter sua colocação no certame.

O funcionamento do processo de recurso na Cesgranrio para o CNU

A Cesgranrio, Banca Examinadora responsável pela condução do CNU, segue uma metodologia específica para a análise de recursos. O edital do concurso prevê que, ao entrar com o recurso, a nota do candidato pode ser mantida, aumentada ou até mesmo reduzida. Essa possibilidade de redução prevista no edital gera bastante ansiedade entre os candidatos, mas, na prática, entendemos ser uma disposição ilegal do edital desse certame e, portanto, inaplicável na realidade das correções dos recursos, servindo apenas como medida de autoproteção da Banca visando reduzir o volume de trabalho. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é pacífico no sentido de que a reforma de decisão em prejuízo do recorrente viola o direito ao contraditório e à ampla defesa, o que se aplica igualmente no cenário de concursos públicos. Inclusive, na ReCurso Oficial nunca tivemos um caso de redução de nota.

Situações em que cabe recurso

Antes de elaborar o recurso, é fundamental entender a realidade da sua prova. O recurso só é recomendado quando há margem para correção de injustiças na avaliação. Abaixo, listamos 3 hipóteses recursais mais comuns:

Resposta Exata ao Espelho e Ausência de Pontuação

Tese Recursal: A banca avaliadora incorreu em erro ao não atribuir a pontuação devida ao candidato que respondeu de maneira idêntica ao conteúdo do espelho de correção, uma vez que a resposta oferecida pelo candidato cumpre rigorosamente o que foi solicitado pela questão e atende aos critérios previamente estabelecidos pelo edital.

Fundamento: Ao revisar o espelho de correção, o candidato deve identificar as partes da resposta que correspondem exatamente ao que foi previsto pela banca. Nesse caso, o argumento central do recurso deve ser o de que a correção não observou a aderência total da resposta aos parâmetros fornecidos pela própria instituição. O edital e as diretrizes de correção são claros quanto à pontuação para respostas que atendam ao espelho, e a falta de atribuição de pontos em tais circunstâncias configura um erro material.

Como desenvolver o argumento: Compare diretamente a sua resposta com o conteúdo descrito no espelho, destacando trechos idênticos, que justifiquem a atribuição da pontuação correspondente.

Essa tese é sólida quando o erro material pode ser facilmente demonstrado. O candidato deve se concentrar em uma argumentação clara e precisa, destacando que a falta de pontuação para uma resposta idêntica ao espelho de correção fere o princípio da isonomia no julgamento.

Tese 2: Resposta com Sinônimos ou Paráfrase Não Pontuada

Tese Recursal: O candidato apresentou resposta em conformidade com o espelho de correção, utilizando termos sinônimos ou paráfrases equivalentes, que expressam o mesmo conteúdo exigido pela banca, de forma igualmente acertada. A ausência de pontuação configura uma interpretação restritiva e desproporcional por parte dos avaliadores, contrariando a amplitude semântica admitida na língua portuguesa.

Fundamento: A norma culta da língua portuguesa permite a utilização de sinônimos em contextos formais, especialmente em provas discursivas. O candidato, ao utilizar sinônimos ou paráfrases que são equivalentes em significado ao que foi proposto no espelho de correção, está atendendo ao que foi solicitado pela questão. A ausência de pontuação nesse caso representa uma violação ao princípio da razoabilidade, pois não se pode exigir que o candidato reproduza ipsis litteris o conteúdo do espelho.

Como desenvolver o argumento:

  • Demonstrar equivalência semântica: Compare os termos utilizados em sua resposta com os termos do espelho de correção, argumentando que ambos têm o mesmo significado técnico e semântico.
  • Citar jurisprudência ou doutrina sobre interpretação linguística: Em algumas provas de concursos, há precedentes que permitem o uso de sinônimos como aceitação válida na correção de provas.
  • Citar a flexibilidade da correção discursiva: “O candidato utilizou o termo X, sinônimo do termo Y, presente no espelho de correção, conforme referência técnica Z. A interpretação restritiva do uso de sinônimos viola a lógica da própria natureza discursiva da prova, que permite ao candidato expressar conhecimento técnico de maneira variada.”

Essa tese se sustenta na premissa de que o processo de correção discursiva deve valorizar o conteúdo e a precisão das ideias, e não apenas a literalidade das palavras. O recurso deve enfatizar que a utilização de sinônimos faz parte da norma culta da língua e que, desde que o conteúdo técnico esteja correto, a pontuação deve ser atribuída.

Se você busca total segurança na organização de todos os detalhes do seu recurso, o serviço especializado da ReCurso Oficial é a melhor escolha. Com recursos personalizados e um acompanhamento individualizado, oferecemos a expertise necessária para aumentar significativamente suas chances de sucesso. Confie em profissionais para garantir o melhor resultado.

Tese 3: Resposta com Argumento Sólido Não Pontuada

Tese Recursal: O candidato apresentou um argumento defensável, que pode ser justificado com fundamento em doutrina, legislação ou mesmo jurisprudência, mesmo que divergente da abordagem esperada pela Cesgranrio, e, portanto, a ausência de pontuação caracteriza uma desconsideração da diversidade de abordagens médicas válidas. A Banca deve reconhecer a validade de respostas que, ainda que não espelhem o padrão exato esperado, sejam consistentes e defensáveis do ponto de vista técnico.

Fundamento: Em questões dissertativas e redações, muitas vezes existem múltiplas abordagens válidas para um mesmo tema, desde que o raciocínio seja coerente e baseado em diretrizes reconhecidas. Quando o candidato oferece uma resposta tecnicamente correta, mas que não segue exatamente o caminho previsto pela banca, ele não deve ser penalizado. O erro está em desconsiderar uma argumentação fundamentada apenas por sua divergência em relação ao modelo padrão do espelho de correção.

Como desenvolver o argumento:

  • Fundamentar a sustentação da tese: Utilizar doutrina, legislação, jurisprudência para sustentar que a abordagem escolhida é defensável e válida, mesmo que não esteja explícita no espelho de correção.
  • Demonstrar coerência do argumento: O candidato deve provar que a resposta segue um raciocínio válido e que, dada a problematização exposta no enunciado, o caminho abordado também seria igualmente válido e, portanto, devida a pontuação.
  • Apresentar referências científicas: Incluir estudos ou diretrizes que reforcem a validade da abordagem adotada na resposta.

Como elaborar o recurso

O recurso deve ser uma peça técnica, objetiva e fundamentada. Não se trata de um simples pedido de revisão, mas de uma argumentação detalhada, que demonstre que a sua resposta atende aos critérios definidos pela Cesgranrio no edital e no padrão de respostas.

Passo 1: Analisar o padrão de respostas

O espelho de correção é a ferramenta que a banca usa para avaliar as respostas dos candidatos. Ele serve como uma “chave de correção”, estabelecendo o que seria uma resposta ideal para cada um dos tópicos da questão discursiva. Ao elaborar seu recurso, você deve comparar a sua resposta com o padrão esperado no espelho de correção.

Exemplo:
  • Tópico 1: O espelho de correção indicava que o candidato deveria abordar três pontos específicos sobre um determinado tema. Você deve avaliar se a sua resposta incluiu esses três pontos e se abordou cada um deles de forma adequada.

Passo 2: Proporção de Pontos quanto aos Conhecimentos Específicos

Um bom recurso faz uma análise proporcional da pontuação atribuída. Se o espelho de correção distribuía 50 pontos para conhecimento específico e 50 para uso do idioma, você pode dividir esses pontos de acordo com os tópicos exigidos pela questão. Se, por exemplo, a questão tinha cinco tópicos, é razoável supor que cada um deles valia 10 pontos. Caso tenha acertado integralmente três tópicos e parcialmente dois, a nota que você merece seria algo próximo de 35 a 40 pontos. Essa é a base para você organizar a distribuição da pontuação e elaborar o recurso, tendo em vista que a nota não vai ser distribuída por item, apenas é informada a pontuação de conhecimentos específicos e a de idioma.

Passo 3: Estrutura do recurso

A estrutura do recurso é fundamental para sua clareza e objetividade. Utilize uma abordagem que facilite o entendimento por parte do examinador:

  1. Introdução: Apresente de forma respeitosa o seu pedido de reavaliação. Exemplo:
    • “Prezada banca examinadora, Requer a reavaliação da nota atribuída ao critério de conhecimento específico, com base nos argumentos a seguir. Solicita-se a majoração da nota de [nota atual] para [nota desejada].”
  2. Corpo (Argumentação): Faça uma comparação entre a sua resposta e o padrão de correção, tópico por tópico. Utilize a seguinte estrutura:
    • Tópico 1: O espelho de correção exigia X. A resposta do candidato abordou este ponto da seguinte forma: [descrever a sua resposta]. Portanto, deveria receber X pontos.
    • Tópico 2: O espelho de correção exigia Y. A resposta do candidato foi parcialmente correta, tendo abordado os aspectos A e B, mas deixado de fora o aspecto C. Deveria receber Y pontos proporcionais, de acordo com a correção.
  3. Conclusão: Reforce o pedido de majoração da nota e conclua de forma respeitosa, reafirmando sua confiança na reavaliação justa pela banca. Exemplo “requer a majoração da nota em 10 pontos, passando de 40 para 50 pontos.

Passo 4: Uso do Idioma

No critério de uso do idioma, que também vale 50% da nota, é importante revisar sua prova em busca de possíveis erros gramaticais ou de coesão textual. Caso a banca tenha considerado algo como erro, mas você tenha certeza de que seguiu a norma padrão, utilize esse argumento no recurso.

Exemplos:
  • Crase facultativa: Se você utilizou crase em um caso de uso facultativo (como antes da palavra “até”), pode argumentar que a banca não deveria ter penalizado sua redação por essa escolha.
  • Elementos coesivos: Destacar o uso de conectores que garantem a coesão textual, como “portanto”, “entretanto”, “além disso”, pode fortalecer sua argumentação no recurso de uso do idioma.

Dicas para um recurso eficaz

  1. Seja objetivo: O limite de caracteres geralmente é de 5.000, o que equivale a aproximadamente uma página de texto. Isso significa que você precisará ser objetivo e direto, evitando longas explicações que possam desviar o foco.
  2. Evite identificar-se: O recurso deve ser anônimo e impessoal. Qualquer menção ao seu nome ou identificação pessoal pode levar ao indeferimento imediato do recurso.
  3. Atenção ao prazo: O prazo de interposição de recursos será de apenas dois dia. Esteja atento aos horários especificados pela banca e prepare-se com antecedência para garantir que o recurso seja enviado dentro do prazo.

O que não fazer no recurso

  • Não copie o padrão de resposta: Copiar grandes trechos do padrão de resposta é uma perda de espaço valioso. Utilize apenas o necessário para contextualizar seu argumento.
  • Não faça um recurso genérico: Um recurso genérico, que não trata dos detalhes específicos da sua prova, será facilmente descartado pela banca. O examinador precisa ver uma argumentação individualizada e embasada.
  • Não exagere na formalidade: Um recurso claro, objetivo e respeitoso é mais eficaz do que uma redação rebuscada e cheia de formalismos. Foque na clareza.
  • Não copie o recurso do colega: O recurso que não leva em consideração o que foi escrito na sua prova, de forma individualizada possui grandes chances de ser indeferido.

Dúvidas frequentes

  • Devo escrever em primeira ou terceira pessoa?
    • Deve-se utilizar a terceira pessoa, assegurando sempre a impessoalidade ao redigir o recurso.
  • Como devo me dirigir a banca?
    • Uma forma respeitosa de iniciar com “Prezada banca examinadora”
  • Devo incluir citações/referências técnicas e/ou doutrinárias?
    • Dependerá da relevância para fundamentar a tese; caso seja essencial, as citações podem ser utilizadas. No entanto, deve-se ter cautela, considerando que o recurso está limitado a 5.000 caracteres.
  • Convém transcrever trecho para o qual peço atribuição de pontuação ou não?
    • Sim, primeiramente para facilitar ao revisor a localização exata do ponto mencionado, além de reafirmar que a citação foi corretamente utilizada.
  • Posso pedir expansão do espelho? Caso positivo, como e quando fazê-lo?
    • Sim, caso seja identificada a possibilidade de ampliação do padrão de respostas, deve-se requerer que o argumento apresentado seja considerado, uma vez que é defensável.
  • Devo optar por linguagem formal ou coloquial?
    • Linguagem formal

Interpor recursos no CNU é uma etapa crucial do concurso, e você deve elaborá-los com extremo cuidado. Analisar criteriosamente a sua prova, compará-la com o padrão de correção e estruturar uma argumentação clara e objetiva são as chaves para um recurso bem-sucedido. Além disso, esteja sempre atento aos prazos e às regras estipuladas pela banca. Boa sorte na preparação do seu recurso!

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Boa sorte!!

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